domingo, 11 de janeiro de 2009

'Brincadeiras de Mau Gosto'

Não encontro melhores palavras para descrever as crescentes brincadeiras de mau gosto que têm merecido destaque nos telejornais nacionais.
Diria que vivemos num sociedade em que actos como ameaçar uma professora com uma arma (ainda que de plástico) são consideradas meras brincadeiras de mau gosto. Mas e o que dirão quando esses alunos crescerem e pegarem numa arma verdadeira e entrarem a "matar" numa sala de aula e - matar, lá está, uma professora ou porque quer uma nota positiva ou porque não achou por bem ser chamado a atenção? Ou então entrar no local de trabalho com arma em punho porque vem pedir um aumento no salário? Bem deixo aqui um artigo do Ricardo Araújo Pereira sobre este assunto. E porque só o humor é que não vai mal em Portugal, ao menos haja humor para nos "abrir" a mente e fazer pensar.


Vejo-me então forçado a dizer, em defesa das brincadeiras de mau gosto, que, no meu entendimento, as brincadeiras de mau gosto têm duas características encantadoras: primeiro, são brincadeiras; segundo, são de mau gosto. Brincar é saudável, e o mau gosto tem sido muito subvalorizado. No entanto, aquilo que o filme captado na escola do Cerco mostra aproxima-se mais do crime do que da brincadeira. E os crimes, pensava eu, não são de bom-gosto nem de mau gosto. Para mim, estavam um pouco para além disso – o que é, aliás, uma das características encantadoras dos crimes. Se, como diz Margarida Moreira, o que se vê no vídeo se enquadra no âmbito da brincadeira de mau gosto, creio que acaba de se abrir todo um novo domínio de actividade para milhares de brincalhões que, até hoje, estavam convencidos, tal como eu, que o resultado de uma brincadeira é ligeiramente diferente do efeito que puxar de uma arma, mesmo falsa, no Bairro do Cerco, produz.

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